Não fique perdido na floresta dos prazeres
O que é Felicidade?
Depende de você, de seu estado de consciência ou de inconsciência, se você está
adormecido ou desperto.(...)
A felicidade depende
de onde você está em sua consciência. Se você estiver adormecido, então o
prazer é a felicidade. Prazer significa sensação, tentar alcançar algo por meio
do corpo. De todas as maneiras, as pessoas estão tentando alcançar a felicidade
por meio do corpo. O corpo pode lhe dar apenas prazeres momentâneos, e cada
prazer é equilibrado na mesma medida, no mesmo grau pelo desprazer, pelo
sofrimento.
Cada prazer é seguido
pelo seu oposto, pois o corpo existe no mundo da dualidade. Assim como o dia é
seguido pela noite, a morte é seguida pela vida e a vida é seguida pela morte...
Trata-se de um circulo
vicioso. Seu prazer é seguido pela dor, sua dor será seguida pelo prazer, mas
você nunca ficará à vontade. Quando estiver em um estado ficará com medo de
perdê-lo e esse medo o envenenará. Quando estiver perdido na dor, é claro,
estará em sofrimento e fará todo esforço possível para sair dele, apenas para
voltar a ele mais tarde.
Buda chama isso de
roda do nascimento e da morte.
Seguimos nos movendo
nessa roda e nos apegamos a ela...e a roda segue em frente. Às vezes aflora prazer,
às vezes o sofrimento, mas somos esmagados entre essas duas rochas.
A pessoa adormecida
não conhece mais nada além de algumas sensações do corpo: comida e sexo; esse é
seu mundo. Ela segue se movendo entre esses dois... Estes dois são os terminais
de seu corpo: comida e sexo. Se ela reprime o sexo, fica viciada em comida; se
ela reprime a comida fica viciada em
sexo. A energia segue movendo como um pêndulo. No máximo,
tudo o que você chama de prazer é apenas um alívio de um estado tenso. (...)
O que chamamos de
"felicidade" depende da pessoa. Para a pessoa adormecida, sensações
prazerosas são a felicidade; ela vive de prazer em prazer. Ela está
simplesmente correndo de uma sensação a outra, vivendo de pequenas excitações;
sua vida é muito superficial, não tem profundidade, não tem qualidade. Ela vive
no mundo da quantidade.
E há pessoas que estão
no meio, que não estão adormecidas nem despertas. Às vezes você tem essa
experiência quando levanta pela manhã e ainda não sabe se está acordado ou
ainda está dormindo. Ouve os sons, mas ainda tem a impressão de tudo fazer
parte do sonho; não é parte de sonho, mas você ainda está em um estado
intermediário.
O mesmo acontece
quando você começa a meditar. O não-meditador dorme e sonha; o meditador começa
a se afastar do estado adormecido em direção ao estado desperto; ele está em um
estado transitório. Então felicidade tem um significado totalmente diferente;
ela se torna mais uma qualidade e menos uma quantidade, é mais psicológica e
menos fisiológica.
O meditador desfruta
mais a música, a poesia, desfruta criar alguma coisa, desfruta a natureza e sua
beleza, o silêncio, desfruta o que nunca desfrutou antes, e isso é muito mais
duradouro. Mesmo se a música cessar, algo se prolonga nele.
E a felicidade não é um
alívio. A diferença entre o prazer e essa qualidade de felicidade é que essa
última não é um alívio, mas um enriquecimento. Você fica mais repleto e começa
a transbordar. Ao escutar uma boa música, algo se desencadeia em seu ser, uma
harmonia surge em você; você se torna musical. Ou, ao dançar, subitamente você
se esquece de seu corpo; ele fica leve, deixa de existir a força da gravidade
sobre você; de repente você está em um espaço diferente: o ego não é mais tão
sólido, o dançarino se dissolve e se funde na dança.
Isso é bem superior,
bem mais profundo do que o prazer que você obtém da comida e do sexo; isso tem
uma profundidade, mas também não é o final.
O final acontece
somente quando você está completamente desperto, quando você é um Buda, quando
todo o sono, o sonhar se foram, quando todo o seu ser estiver repleto de luz,
quando não houver escuridão dentro de você. Toda escuridão desapareceu e, com
essa escuridão, o ego se foi; todas as tensões desapareceram, toda angústia,
toda ansiedade.
Você fica em um estado
de total satisfação e vive no presente, sem mais nenhum passado e nenhum
futuro. Você fica completamente no aqui-agora; este momento é tudo, o agora é o
único tempo e o aqui é o único espaço. E então de repente, todo o céu repousa
sobre você. Esse é o estado de plenitude, a felicidade verdadeira.
Procure o estado de
plenitude, ele é seu direito inato.
Não fique perdido na
floresta dos prazeres; eleve-se um pouco mais, alcance a felicidade e depois a
plenitude.
O prazer é animal, a
felicidade é humana, a plenitude é divina.
O prazer o prende, o
acorrente; ele é uma escravidão. A felicidade lhe dá um pouco mais de corda, um
pouco de liberdade, mas somente um pouco. A plenitude é a liberdade absoluta;
você começa a se elevar, ela lhe dá asas. Você deixa de ser parte da terra
grosseira e passa a ser parte do céu, você se torna luz, alegria.
O prazer depende dos
outros; a felicidade não depende tanto dos outros, mas ainda assim está
separada de você; a plenitude não dependente e também não está separado...ele é
o seu próprio ser, a sua própria natureza.
Osho em Alegria a
Felicidade que Vem de Dentro.
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